quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Hoje.

Ela se aproximou lentamente, um passo se arrastando atrás do outro. Chegou à parede, seus pés não podiam mais andar. Encostou-se levemente e deixou o corpo arriar. Sentou-se no chão, as pernas estendidas. Escolheu-as, abraçou os joelhos. Abaixou a cabeça, contraiu o corpo. Um suspiro. Relaxou um pouco, os braços se acomodaram melhor em torno da coxa. Ela resolveu levantar a cabeça, encarou a parede branca do outro lado. Mas não viu nada realmente. A visão se embaçou um pouco, ela inclinou delicadamente a cabeça pra esquerda, pensativa. Uma lágrima? Piscou. A gota se desprendeu dos olhos e escorreu livremente pela bochecha, formando uma curva perfeita. Quando se aproximava dos lábios, Ela levantou novamente a cabeça, inclinando-a um pouco acima do normal para parar a trajetória daquela pequena gota. A cabeça parada, os olhos encararam mais uma vez a parede vazia. Nada. Ninguém. Entreabrindo despreocupadamente a boca, deixou sua língua escapar e capturar a gota de lágrima, que tremulava logo ao lado. Salgada. Terna. Solitária. Apenas uma lágrima chorada. Ela se encolheu de novo, tremeu. Um arrepio fino percorreu seu corpo, eriçou seus pêlos e fez com que seus ombros balançassem. Estava ficando dormente, talvez devesse levantar. Talvez... Não, ainda não. Fechou ou olhos, abaixou a cabeça e deixou o tempo passar.

4 comentários:

Rayanna Ornelas disse...

Eu já vi essa cena!

Rayanna Ornelas disse...

n sei c foi hj, ontem ou sei lá...
Mas eu já vi acontecer!

Sidarta disse...

Chorar é bom. Quem não tem ombro alheio se vira com travesseiro. Ou parede...

Unknown disse...

show! só falta um bom ilustrador e um zine pra publicar... adorei! Susi