sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Hoje acordei querendo falar de amor. Sem pretensões, só falar de amor.
É pedir muito?

Num mundo em que as pessoas não alteram suas rotinas para perceber o outro, pedir um sorriso amigo é pedir muito?
Num mundo em que sobra egoísmo, pedir um abraço é pedir muito?
Num mundo em que a futilidade sentimental se sobrepõe à tudo, pedir uma palavra de consolo é pedir muito?

Não deveria ser tão difícil entregar um pouco do seu amor à alguém.
Não deveria ser tão complicado dizer que te amo...
Não deveria ser impossível.

Sobram músicas, poesias, declarações explícitas no orkut... mas falta intensidade,motivo, proximidade.
Sobram palavras, mas falta tanto...


Já não sei mais qual era a minha intenção ao escrever isso... afinal, tenho várias opções guardadas no meu caderno...
A verdade é que falo de tantas coisas, mas muito pouco de amor.
Confundo, misturo, desintendo o que penso ser amor,mas é apenas engano.
Nem vou perguntar o que é amor, já que a resposta está muito além das minhas idéias desencontradas e achismos.

Eu queria falar de amor.
Mas ainda não o encontrei.


'Tanto... se ao menos você soubesse
te quero tanto'

domingo, 12 de outubro de 2008

Do momento



A poesia (e a não-poesia) desse momento me toma por inteiro...
fecha meus olhos
e desvia a minha atenção do projeto didático que deveria estar pronto.
Eu posso sentí-la aqui, me controlando,
me guiando através do teclado.

Tento resistir,
ignorar,
mas a música que está tocando também não me deixa esquecer
que, de fato, aqui vive a poesia.

Avassala minhas convicções,
meche com as minhas pseudo-memórias construídas tão arduamente,
contradiz minha razão,
ignora a realidade.
A poesia... essa companheira instável e vital...
destino certo das minhas madrugadas,
alento para as minhas lágrimas,
manifestação de tudo que vive em mim e que se expande para além do sentimentalismo.

Espero pelo momento que eu possa despejar toda a poesia ao vento,
atirar pilhas de papel,
cadernos,
grafite e minha tristeza, alegria, controvérsia e falsos-versos pra quem quiser ler.


Talvez assim eu possa me sentir tão completa quanto agora,
enquanto escrevo.
Breves minutos em que me encontro, discuto e amo minhas controvérsias...
Tão raros instantes em que pouco importa quem está ou não ao meu lado,
quem se importa,
quem vai lembrar ou ler,
quem vai gostar ou não,
quem vai dizer algo
e completar a alegria do meu dia.

Preciso de você mais do que preciso de mim mesma,
preciso da inspiração que me empurra adiante,
que me desafia a ser sempre mais,
que me obriga a sentir, mesmo que eu não queira.
Que me obriga a fechar os olhos quando minha música toca,
que me deixa ser quem sou, e isso basta.

Mas me deixe terminar minhas obrigações,
ler aquele livro para a aula de Modernismo,
pensar na monografia
e sair de casa hoje à tarde.
Me deixe interpretar meu lirismo de um jeito menos doentio
e entender de uma vez que o mundo não respira poesia como eu. Definitivamente.
Ninguém mais suspira com um poema,
não tiram dois minutos do seu dia para ler os devaneios de duas garotas em viagem interplanetária...
falta de tempo?
Falta de poesia!
Falta de amor-próprio, eu diria.


Sinto,respiro,bebo,me alimento,deito e rolo em mares de poesia que me carregam pra longe da simplicidade sentimental
dessa planeta medíocre.


Quero, continuo, sou, entendo, vivo assim, imersa na minha forma peculiar de poesiar...
Vai ser sempre assim,
inevitavelmente.
Vai me manter no 'controle' e me fazer perder a razão,
vai me fazer amar e, quem sabe, desamar com tanta intensidade...,
vai me fazer ser cada vez mais 'eu',
mais poesia... eu quero sempre mais...

Quero me embrulhar em papel de poesia pra
não esquecer jamais do sentimento que moveu cada devaneio,
não esquecer que só sou quem sou
porque aqui vive a poesia.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

No censura Yes loucura

Censura é uma merda.

Meu irmão adora dizer "Não, Rayanna..."
Minha consciência sempre exclama "Pare!"
Minha mãe repete insistentemente "Minha filha, mude"
Meus eus gritam em uníssono "Não seja assim!"
Minha inconstância cria mantras de " Você está errada"
Meu lirismo me cobra "Escreva!"
Meu capitalismo me ordena "Estude!"
Meu relógio me trai tic-taqueando "Corre!"
Meu coração exige "Desame"
Minha racionalidade pede "Esqueça..."
Minhas músicas preferidas me desafiam "Vai chorar?"
Meu Fernando Pessoa me questiona " Vai continuar?"
Minha saudade me atormenta "Vão haver dias melhores?"
Minha tristeza me distrai com "É sempre assim mesmo..."

Não sei porque amarrar minhas convicções, sonhos,
e desejos à conveniência, pertinência ou necessidade.

Censura é uma merda.

Quero sentir o vento no cabelo,
me tatuar até acabarem minhas idéias,
pular de pára-quedas,
pintar o cabelo,
amigos,
quem sabe um piercing?;
rastafari,
meditação,
aventura,
música,
curso de fotografia,
shows de rock,
soluções,
viagens,
poesia,
surpresas,
praia,
livros,
telefonemas de madrugada,
um pouco de vodka,
perfume,
dias nublados,
um pouco de rotina,
esmalte vermelho,
sorrisos,
Aquarius fresh,
abraços,
família,
festas,
clubinho,
fotos.


Vou viver, ser e entender do jeito que quiser.


Censura é uma merda.

domingo, 5 de outubro de 2008

O pedacinho

Amigos, festas, faculdade, estágio. Ela tinha tudo isso. Semanas cheias, correndo de um lado pro outro, resolvendo coisas, brigando com amigos, rindo do infinito. Ela se esforçava. Comparecia a todos os eventos, sorria para todas as fotos, fazia poses, mandava beijos e recados. Ela aparecia, ela se mostrava. Mas nunca bastava.

No fim do dia, todos os dias, a sensação estranha lhe encontrava. Não havia explicação nem razão. O vazio, o aperto, o incômodo solitário. Ela resistia, ignorava. Em dias mais fracos, ela chorava. Escondida, encolhida. Pra no dia seguinte cobrir com máscara de vontade e fingir que sua vida era a fachada.

Tudo estava bem. Mas ela não estava. Todos tinham planos, mas ela não tinha. Ela deixava o fluxo lhe arrastar para não ficar parada, mas até quando ela ia aguentar ser arrastada? Ela tinha medo de onde ia chegar. Todo mundo tinha pra onde e pra quem voltar no fim do dia. Ela não tinha. E era isso que doía, que apertava. Mesmo quando ela fingia que não sabia.

E então, toda semana, as madrugas de sábado a torturavam. Em casa, sozinha, ela devaneiava. Não existe limonada completa sem gelo. Não existe bolo completo sem recheio. Não existe sanduíche completo sem queijo. Não, não da. Não existe pessoa completa sem desejo, sem anseio, sem companheiro.

Tudo estava bem. Tudo estava inteiro. Mas em seu coração, faltava um pedaço.